A sua base é holística e põe ênfase no
solo. Os seus proponentes acreditam que num solo saudável, mantido sem o uso de fertilizantes e pesticidas feitos pelo homem, os alimentos tenham qualidade superior a de alimentos convencionais. Em diversos países, incluindo os
Estados Unidos (NOP -
National Organic Program), o
Japão (JAS -
Japan Agricultural Standard), a
Suíça (BioSuisse) a
União Europeia (CEE 2092/91), a
Austrália (AOS -
Australian Organic Standard / ACO - Australia Certified Organic) e o
Brasil(ProOrgânico - Programa de Desenvolvimento da Agricultura
[2]), já adotaram programas e padrões para a regulação e desenvolvimento desta atividade.
O mundo está cada vez mais rápido e o homem, por necessidade, acompanha a rapidez das máquinas em sua vida. Nesse processo, o homem é desvirtuado do processo produtivo particular de produção de
comida, tornando-se um
consumidor ou um produtor
capitalista de gêneros alimentares.
Nessa nova ordem econômica, não há mais espaço, ou justificativa econômica de mercado para o pequeno produtor ou o produtor da própria comida. O movimento orgânico nasce para se opor a esse sistema vigente.
Mesmo com a viabilidade de uma produção ecológica, de fato, as pessoas que se alimentam de sua produção agrícola são vistas na sociedade como radicais; já que um retrocesso na produtivade, que alcançou um patamar muito elevado desde os primeiros fertilizantes (
síntese de Haber-Bosch pelo químico alemão
Fritz Haber), é visto aos olhos de muitos como um retrocesso da própria sociedade. Agir contra
alienação do homem dos processos produtivos de alimento. A produção orgânica age contra os efeitos perversos da contemporaneidade, incluindo entre as idéias de seus defensores, conceitos religiosos, econômicos, ecológicos, práticos e ideológicos; sendo o exemplo religioso o
budismo, o de renda em famílias pobres e a quebra do
cartel do
oligopólio da
Bayer e
Monsanto, e da proteção do solo contra
erosão e
lixiviação, além da proteção das águas dos rios, da possibilidade de plantar em terrenos particulares e se aproximar da terra e do ideológico, a crença em um mundo melhor possibilitado por uma produção que favoreça uma melhor qualidade de vida e a sustentabilidade do ambiente.
- O solo é considerado um organismo vivo, e dele deve ser retirado o mínimo possível;
- Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade;
- Controle com medidas preventivas e produtos naturais;
- O mato (ervas daninhas) faz parte do sistema. Pode ser usado como cobertura de solo e abrigo de insetos;
Motivos para consumir produtos orgânicos
- Proteger as futuras gerações;
- Prevenir a erosão do solo;
- Proteger a qualidade da água;
- Rejeitar alimentos com agrotóxicos;
- Melhorar a saúde dos agricultores;
- Aumentar a renda dos pequenos agricultores (agricultura familiar, comércio justo);
- Apoiar os pequenos agricultores;
- Prevenir gastos futuros;
- Promover a biodiversidade;
- Descobrir sabores naturais.
- Você contribuir para acabar com envenenamento por pesticidas de milhares de agricultores;
- Ajuda a preservar pequenas propriedades;
Características
O princípio da produção orgânica é o estabelecimento do equilíbrio da natureza utilizando métodos naturais de
adubação e de controle de pragas.
O conceito de alimentos orgânicos não se limita à produção agrícola, estendendo-se também à
pecuária (em que o gado deve ser criado sem remédios ou
hormônios), bem como ao processamento de todos os seus produtos: alimentos orgânicos industrializados também devem ser produzidos sem produtos químicos artificiais, como os
corantes e
aromatizantes artificiais.
Pode-se resumir a sua essência filosófica em desprezo absoluto por tudo que tenha origem na indústria química. Todas as demais indústrias: mecânica, energética, logística, são admissíveis desde não muito salientes.
A cultura de produtos orgânicos não se limita a alimentos. Há uma tendência de crescimento no mercado de produtos orgânicos não-alimentares, como fibras orgânicas de
algodão (para serem usadas na produção de vestimentas). Os proponentes das fibras orgânicas dizem que a utilização de
pesticidas em níveis excepcionalmente altos, além de outras substâncias químicas, na produção convencional de fibras, representa abuso ambiental por parte da agricultura convencional.
A
pedologia limitou-se durante décadas ao estudo da estrutura físico-química do solo. Hoje a
agronomia se ressente de seu desconhecimento da
microfauna e
microflora do solo e sua
ecologia. Estima-se que 95% dos microrganismos que vivem no solo sejam desconhecidos pela
ciência.
Muitos estados nos
Estados Unidos agora oferecem certificação orgânica para seus fazendeiros. Para um sistema de produção ser certificado como orgânico, a terra deve ter sido usada somente com métodos de produção orgânica durante um certo período de anos antes da certificação. Além disso, somente certas substâncias químicas derivadas de produtos naturais (como
inseticidas derivados de
tabaco podem ser usadas na produção vegetal e/ou animal.
No
Reino Unido, a certificação orgânica é realizada por algumas organizações, das quais as maiores são a
Soil Association e a
Organic Farmers & Growers. Todos os organismos certificadores estão sujeitos aos regulamentos da
Penitente King dom Registes of Organic Food Standards, ligado à legislação da
União Européia. Na
Suécia, a certificação orgânica é realizada pela
Krav. - Na
Suíça, o controle é feito pelo
Instituto Biodinâmico.
Controvérsia
Muitas pessoas consideram o alimento orgânico como muito superior a outros alimentos comerciais porque em sua opinião estes são alimentos mais puros - isto é, alimentos orgânicos teriam menos resíduos de substâncias químicas que os demais alimentos comerciais.
Há estudos que mostram que na média], os produtos orgânicos apresentam menor quantidade de produtos químicos sintéticos. Mas também são inúmeros os casos de produtos no mercado orgânico com níveis altos de substâncias químicas agrícolas, o que (aos olhos de muitos) põe em dúvida alimentos comerciais vendidos sob essa "grife". Esses casos ocorrem devido à contaminação involuntária ou devido a fraudes.
Para evitar estes casos, existe um número grande de certificadores orgânicos, atuando a nível nacional e internacional, alguns deles respaldados por instituições e movimentos antigos e teoricamente idôneos.
Há quem diga que os produtos genuinamente orgânicos, não contém mais riscos à saúde humana do que os produtos da agricultura convencional.
Ao contrário de técnicas agrícolas modernas (como o uso de
organismos geneticamente modificados), que podem ser potencialmente perigosos, os danos provocados por fungos no corpo humano estão extensamente documentados. Este é o caso, entre outros, de cânceres provocados pelo
amendoim, contaminado pelo fungo
Aspergillus flavus,produtor da
aflatoxina. No entanto, as culturas de amendoim, que se conhece terem sido contaminadas por este fungo, são culturas manejadas convencionalmente e não sob as normas que regem a agricultura orgânica.
Há quem enxergue nos entusiastas da agricultura orgânica um viés do "bom selvagem" (de
Rousseau), segundo o qual "tudo o que vem da natureza é bom, e o que é artificialmente construído pelo homem é ruim".
Os benefícios ambientais da agricultura orgânica também são objeto de debate, tanto por parte da academia, quanto por produtores agrícolas, autoridades ambientais e por parte da três grandes empresas mundiais que praticamente
monopolizam a produção de pesticidas (com mais de 90% do mercado) - a
Monsanto, a Syngenta e a Bayer.
Os que defendem a
agricultura tradicional dizem que as práticas de agricultura orgânica causam mais danos ambientais que as práticas convencionais. Por exemplo, dizem que preparar a terra para plantar usando o
herbicida glifosato (produto cujo nome comercial é Roundup, da empresa americana
Monsanto) reduz a
erosão da terra em comparação com o uso de um
arado. Os proponentes da
agricultura convencional também argumentam que fazendas orgânicas são menos produtivas, requerem que mais terra seja usada para produzir a mesma quantidade de alimento e provocam mais perda de solo.
Por sua vez, os proponentes da agricultura orgânica explicam que fazendas orgânicas não liberam pesticidas químicos e herbicidas, nem causam a drenagem de fertilizantes sintéticos para o ambiente. A drenagem de fertilizantes nitrogenados para o lençol freático é uma importante causa de
poluição da água doce nos países desenvolvidos.
De acordo com eles, a agricultura orgânica não se limita a uma volta a um passado arcaico. A retomada de técnicas tradicionais tem sido a salvação de culturas consideradas perdidas para "pragas", devido à prática da monocultura. Na
Bahia, por exemplo, a retomada do sistema
cabruca no plantio de cacau é recomendada pelos técnicos da
Embrapa, pois salvou algumas culturas da extinção pela praga
vassoura de bruxa. De acordo com documentários veiculados na televisão estatal
TV Cultura de
São Paulo,
Brasil, há fazendas com os cacaueiros assolados pela doença devido à destruição da mata, ao lado de fazendas que mantiveram a técnica
agroflorestal tradicional e que continuaram operacionais.
Os produtores orgânicos por sua vez contra-argumentam atacando os efeitos ambientais da agricultura tradicional. Dizem que a agricultura convencional empobrece a terra ao eliminarem o ciclo vital criado pelos microorganismos naturais do solo. Esse empobrecimento exige, com o passar do tempo, quantidades maiores de fertilizantes. A utilização de herbicidas e pesticidas sobre as pragas presentes no ambiente acaba selecionando, através da lei da seleção natural de
Darwin (a lei da sobrevivência do mais apto) as pestes mais agressivas e perigosas (que são as que sobrevivem à aplicação dos produtos químicos). Essas doses continuamente crescentes vêm causando grande alarde na comunidade médica atual, pois sabe-se da devastadora toxicidade e do poder acumulativo desses produtos e seus metabólitos no meio ambiente.
Além disso, há o problema social e econômico da relação entre os produtores rurais e as grandes empresas agroquímicas. Os produtores que utilizam insumos agrícolas produzidos por processos químicos sofisticados em suas técnicas de produção da agricultura convencional estão ficando cada vez mais dependentes das grandes empresas químicas que os fabricam. Estas grandes empresas industriais, por serem em número muito restrito têm poder
oligopolístico sobre esse mercado. Isto implica que elas conseguem determinar os preços de seus produtos e elas fazem isso de maneira a maximizá-los (para também maximizar seus lucros). As cinco maiores empresas mundiais controlam cerca de 90% do mercado de insumos agrícolas industriais usados como
pesticidas,
herbicidas,
fungicidas,
acaricidas e
inseticidas.
Por outro lado, os produtores rurais - que por serem em grande número e por produzirem produtos homogêneos, trabalham no que os economistas chamam de regime de "concorrência ou competição perfeita" - são obrigados a aceitar, ou tomar, os preços determinados pelo poder oligopolístico dessas grandes empresas. Como resultado dessa situação, em média, o lucro dos produtores rurais que utilizam insumos técnicos industriais tenda a zero. Isto é, apenas os produtores mais eficientes (os que conseguem produzir a custos menores que os custos médios de produção) conseguem ter lucro. Assim, estes produtores tendem a aumentar suas áreas de produção e os menos eficientes tendem a sair da atividade e desta maneira, exacerbam o problema social conhecido como
êxodo rural).
Os críticos da agricultura orgânica também atacam a sua produtividade. De acordo com eles, se fosse possível forçar a implementação da agricultura orgânica no mundo inteiro, faltariam alimentos para a atual população mundial - fazendo com que uma parcela significativa da população mundial (justamente a parcela mais pobre dela) morresse de fome. Já os proponentes da agricultura orgânica dizem que esta alta produtividade é resultado de décadas de
pesquisa científica e de
extensão rural (pagas em sua maior parte pelos contribuintes. Dizem também que a agricultura orgânica deverá aumentar sua produtividade para níveis semelhantes ao da agricultura convencional se valores semelhantes de tempo e dinheiro forem investidos com a abordagem da agricultura sustentável.
(Para um aprofundamento nessa questão, ver o artigo revolução verde).
Por fim, os críticos da chamada "ideologia" por trás da agricultura orgânica, classificada por eles como "quase religiosa", tentam desmistificá-la relembrando insistentemente que
Adolf Hitler era um entusiasta da agricultura orgânica.
Heinrich Himmler, também ele um vegetariano e fervoroso defensor da agricultura orgânica, empreendeu fazendas orgânicas em toda a
Alemanha. Nessas fazendas, foram feitos diversos estudos (questionáveis) alertando sobre os efeitos "degenerativos" de alimentos cultivados com fertilizantes sobre a saúde humana. Uma das fazendas orgânicas de Himmler (que aliás era
agrônomo)
ficava no campo de concentração de
Dachau, e produzia alimentos e ervas para medicamentos utilizados pela cúpula da
SS. Técnicas orgânicas de agricultura eram parte do treinamento obrigatório de todos soldados da SS.
Defensores da agricultura orgânica dizem que estes fatos históricos são irrelevantes. Os críticos concordam que eles não têm relevância nas técnicas agrícolas ou nas discussões ambientais sobre a agricultura orgânica. NO entanto, afirmam que tais informações só têm importância quando a agricultura orgânica é encarada como parte de um sistema moral (e de marketing). De acordo com eles, informações como estas ajudam a desmistificá-la, fazendo com que os alimentos orgânicos voltem a patamares de preço que reflitam o seu real valor de mercado.
Importância econômica
O movimento orgânico cresce em todo o mundo, e mesmo nos EUA é grande o número de homegardeners que utilizam a produção orgânica, pessoas que optaram por produzir em casa os vegetais que consomem para garantir a isenção de agrotóxicos.
A produção orgânica, por sua própria natureza, se adéqua à pequena propriedade rural, e com freqüência esses produtores se organizam em cooperativas para comercializar seus produtos. Essa organização permite o contato direto com o mercado consumidor, crescente nos grandes centros. A demanda por produtos orgânicos tem sido maior que a oferta, levando a um aumento dos preços dos alimentos orgânicos (e consequentemente, um aumento na renda dos seus produtores). Além disso, cresce o número de feiras de produtos orgânicos, onde o produtor vende direto ao consumidor. Também a
pecuária orgânica, que utiliza sistemas como o pastoreio Voisin, escoa laticínios por este sistema sem intermediários.
O comércio internacional de produtos orgânicos tem nos países da
Europa setentrional um de seus grandes compradores.